segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Consumismo: Expressão da Compulsividade Moderna

Postagem solicitada pela srta. Amarilze (Psicologia, Matriz)

Uma reflexão sobre a necessidade do TER, que tantas vezes supera a do SER.

É impressionante perceber o quanto as pessoas estão consumistas. Comprar, comprar, comprar; ter, ter, ter. Esses parecem ser os maiores objetivos da maioria dos cidadãos, que vem nas coisas um sinônimo de sucesso.

Porém, tão fácil quanto percebemos esse comportamento consumista é criticá-lo de forma simplista. E, neste aspecto, é importante analisarmos ao menos dois pontos.  Primeiro: uma autocrítica sincera. Será que, mesmo criticando, não adotamos comportamentos igualmente consumistas, comprando coisas de que não precisamos, trocando compulsivamente de celular, de carro, acumulando roupas e calçados? Segundo: ao invés de apenas combatermos as conseqüências desse consumismo todo – criticando as pessoas, boicotando uma ou outra compra, por exemplo – é imperativo se pensar  os motivos dessa busca desenfreada pelo ter.

O fato é que o consumismo é apenas uma das formas de expressão das tantas compulsividades modernas.  No mundo competitivo em que vivemos, somos impelidos a viver de aparências. É a sociedade  da imagem – julgamos e somos julgados pelas aparências. Para aparentar ser mais é preciso mostrar mais. Por isso as pessoas sentem quase que uma necessidade de falar mais alto, exibir seus carros e objetos, contar para todo mundo o sucesso em novas aquisições. É o mesmo comportamento compulsivo que leva, por exemplo, ao consumo exagerado de drogas, álcool, alimentos...

O psicanalista Márcio Quilli lembra que a solidão é um dos mais fortes estímulos ao consumismo desenfreado. Segundo ele, as pessoas que se sentem só, buscam no consumo o preenchimento de uma lacuna interior, como uma substituição da convivência com seus pares. E, como a solidão é outra característica marcante da comtemporaneidade, é de se crer que os sintomas se somam em uma equação sempre crescente.

O curioso é que essa vontade crescente de consumir parece surgir cada vez mais cedo. Crianças pequenas exigem roupas de marca, telefones celulares, brinquedos high tech. Mas... Será correto dizermos que esse desejo “surge” nas crianças? Será que o desejo aparece do nada? Claro que não! A criança é moldada a todo tempo pela sociedade que a cerca – especialmente pelas pessoas que lhe são mais próximas. Crianças competem na escola para ver quem tem os brinquedos e aparelhos mais modernos e caros. Mas será que essa é a única fonte geradora do impulso consumista nos pequenos? Mais uma vez, a resposta é não! O papel dos pais e familiares na formação desse desejo pelo consumo é determinante.

Pais e mães atarefados e oprimidos pelas pressões do mundo do trabalho costumam tentar compensar sua ausência junto às crianças exagerando nos presentes. E isso não acontece apenas nas classes mais abastadas financeiramente. É comum ver pais sacrificando as economias da família, abrindo mão até de qualidade de vida, para proporcionar pequenos luxos aos filhos, como se isso compensasse a ausência física.

Psicóloga Joslaine Maria Werner Paitinger

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